“Vem
já, já, à nossa casa. Preciso falar-te sem demora.”
-A Cartomate, Machado de Assis p. 17
Ao primeiro olhar, a história A Cartomante parece
falar dos perigos de infidelidade, mas mais que isso, essa história realmente
mostra que as pessoas escolhem o que preferem acreditar, mesmo sabendo a
verdade. Através de vários técnicos literárias Machado de Assis coloca o leitor
numa posição a ver quão dispostos somos abandonar a lógica pelo desejo. Mudamos os sentidos das coisas para nos agradar. Nesso conto Machado de Assis mostra isso a forma de o perigo de tirar a autoridade de um autor.
Vemos como as pessoas tiram a autoridade do
autor para criar um significado mais agradável. Quantas vezes temos vistos
alguma placa de advertência ou instrução mas não obedecemos porque achamos que
não aplica a nos? De alguma forma estamos tirando a autoridade da pessoa que
colocou aquela placa e criando nossa própria significado. Muitas vezes isso
acontece também com a literatura. Como discutimos na aula, depois de um
documento sai das mãos do autor, as pessoas são livres da maneira que quiserem.
Isso pode ser uma fonte de muitas idéias novas e aprendizado, mas também pode
ser perigoso. Se as pessoas ignoram todo o contexto original e tiram uma
conclusão que tem nada ver com o texto, pode criar muitos problemas.
Esse idéia se manifesta muito na Cartomante. Várias
vezes o Camilo recebe algum documento escrito, prevenindo desastre, mas ele
escolha acreditar de sua própria maneira e sofre as conseqüências. Quando
Camilo recebe a primeira carta anônima falando que seu adultério era sabido de
todos, sua primeira reação foi de ter medo. E isso é como ele deveria ter
sentido! O tom do autor era amaciante no máximo e claramente mostrou as
conseqüências de continuar. Porém, depois de falar com a Rita, ele mudou o
significado da carta. Por que ele amava a Rita e ela colocou confiança na
cartomante que tudo iria bem, ele tirou a autoridade do autor dessa carta e
escolheu acreditar que não era de muita importância. Logo em seguida o Camilo
nos mostra um segundo exemplo desse princípio. Um tempo depois de receber a
carta anônima, ele recebe um bilhete de Vilela com as palavras infames: “Vem
já, já, à nossa casa. Preciso falar-te sem demora.” Mais uma vez a primeira
reação do Camilo foi de terror. Ele sabia claramente da culpa dele e reconheceu
a voz acusadora no bilhete, mas não quis que fosse verdade. Por que ele não
queria perder nem a Rita, nem o Vilela, ele mais uma vez tirou a autoridade
dessa carta ele colocou seu próprio sentido (que nesse caso tinha nada ver com
o intento real o autor). Por que ele decidiu tirar suas próprias conclusões,
sem nenhuma justificação textual, acabou perdendo a vida.
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