Thursday, October 3, 2013

O Perigo da Autoridade


“Vem já, já, à nossa casa. Preciso falar-te sem demora.”
-A Cartomate, Machado de Assis p. 17 

Ao primeiro olhar, a história A Cartomante parece falar dos perigos de infidelidade, mas mais que isso, essa história realmente mostra que as pessoas escolhem o que preferem acreditar, mesmo sabendo a verdade. Através de vários técnicos literárias Machado de Assis coloca o leitor numa posição a ver quão dispostos somos abandonar a lógica pelo desejo. Mudamos os sentidos das coisas para nos agradar. Nesso conto Machado de Assis mostra isso a forma de o perigo de tirar a autoridade de um autor.
Vemos como as pessoas tiram a autoridade do autor para criar um significado mais agradável. Quantas vezes temos vistos alguma placa de advertência ou instrução mas não obedecemos porque achamos que não aplica a nos? De alguma forma estamos tirando a autoridade da pessoa que colocou aquela placa e criando nossa própria significado. Muitas vezes isso acontece também com a literatura. Como discutimos na aula, depois de um documento sai das mãos do autor, as pessoas são livres da maneira que quiserem. Isso pode ser uma fonte de muitas idéias novas e aprendizado, mas também pode ser perigoso. Se as pessoas ignoram todo o contexto original e tiram uma conclusão que tem nada ver com o texto, pode criar muitos problemas.
Esse idéia se manifesta muito na Cartomante. Várias vezes o Camilo recebe algum documento escrito, prevenindo desastre, mas ele escolha acreditar de sua própria maneira e sofre as conseqüências. Quando Camilo recebe a primeira carta anônima falando que seu adultério era sabido de todos, sua primeira reação foi de ter medo. E isso é como ele deveria ter sentido! O tom do autor era amaciante no máximo e claramente mostrou as conseqüências de continuar. Porém, depois de falar com a Rita, ele mudou o significado da carta. Por que ele amava a Rita e ela colocou confiança na cartomante que tudo iria bem, ele tirou a autoridade do autor dessa carta e escolheu acreditar que não era de muita importância. Logo em seguida o Camilo nos mostra um segundo exemplo desse princípio. Um tempo depois de receber a carta anônima, ele recebe um bilhete de Vilela com as palavras infames: “Vem já, já, à nossa casa. Preciso falar-te sem demora.” Mais uma vez a primeira reação do Camilo foi de terror. Ele sabia claramente da culpa dele e reconheceu a voz acusadora no bilhete, mas não quis que fosse verdade. Por que ele não queria perder nem a Rita, nem o Vilela, ele mais uma vez tirou a autoridade dessa carta ele colocou seu próprio sentido (que nesse caso tinha nada ver com o intento real o autor). Por que ele decidiu tirar suas próprias conclusões, sem nenhuma justificação textual, acabou perdendo a vida.

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