Thursday, December 5, 2013

O anti-herói




Nas histórias marcantes do mundo quase sempre há uma personagem principal que acelera a ação. Em muitos casos esse personagem é alguém que nos admiramos e através de atos apropriados consegue resolver algum problema. Mas não sempre é assim. Existe também uma espécie de personagem chamado anti-herói. O Anti-herói é o personagem principal, mas não age como herói típico. O anti-herói frequentemente tem algumas falhas e fraquezas que salientam uma verdade sobre humanidade e muitas vezes acabam destruindo a pessoa. No teatro O Pagador de Promessas Dias Gomes usa Zé de Burro como um anti-herói para mostrar a corrupção presente nos conceitos de tradição, inocência e ambição aceitos pela sociedade.



Uma das forças mais poderosas numa cultura capitalista é a ambição. Várias vezes nO Pagador de Promessas Gomes faz um comentário dessa ideia através da falta completa de ambição em nosso anti-herói. Uma das primeiras mostras dessa ambição egoísta se encontra no Repórter. Ele vem ao Zé sem saber nada da situação já pronto a fazer uma história da situação. As primeiras palavras para sair de sua boca são “Repórter: Parabéns! O senhor é um herói.” “: Herói?” (p. 85) Zé mesmo luta contra o título de herói, não querendo provar nada a ninguém, mas mesmo assim, o Repórter coloca uma história no jornal fazendo ele quase um revolucionário. Sem pensar nas consequências, o Repórter procurou tirar a maior vantagem que podia da situação. Logo em seguida Galego da vendola procura beneficiar dos problemas de Zé também. Ele chega ao Zé oferecendo comida de graça “[Zé] promete no arredar pé de acá” (p. 144) Galego entende o que está acontecendo, mas mesmo assim só pensa no negócio dele. À outra mão Zé age o anti-herói, negando toda promessa de fama ou ajuda. Ele só quer cumprir a promessa dele e isso é algo que a sociedade não consegue entender. Todas as pessoas continuam tentando achar o ângulo do Zé até o final.
 


            Afinal das contas O Pagador de Promessas é uma história sobre a corrupção dos valores da sociedade em Brasil. Dias Gomes usa Zé de Burro como um anti-herói para mostrar a diferença entre o que as pessoas fingem que acreditam e o que realmente valorizam. Zé de Burro é um homem ingênuo que não consegui existir num mundo que ataca inocência e somente buscar satisfazer a ambição. Embora que das ações do Zé de Burro não sejam justiçados, Dias Gomes deixa bem claro que tem algo muito errado com uma sociedade que procura punir uma pessoa por suas crenças e falta de conhecimento. Ao jogar Zé de Burro sobre as forças de tradição, inocência e ambição podemos ver que aquilo que não conforme com a sociedade nem sempre é errado.

Thursday, November 21, 2013

A Crônica do Dedé Cospe-Rima



A Cruz Silenciosa:
Hoje de manhã vi uma coisa curiosa. Quando cheguei a praça da igreja para entregar minha literatura para o povo, observei um homem sentado na escada da igreja ao lado de uma cruz. Como um autor prolífero de literatura religiosa, eu fiquei ponderando a cena. Quase pareceu um profeta direito da bíblia! Claro que seu causo poderia ser adiantado por um poema meu, então resolvi falar com ele. Imagina minha supressa quando ele recusou cada favor que ofereci a ele! Ficou falando de um burro e como ninguém realmente compreendeu o que ele estava passando.
Claro que ele perdeu uma oportunidade maravilhosa de ser elogiado por meu verso, mas mais que isso, comecei a sentir pena do homem. Comecei a ver que ele carregava uma cruz pesada, não só fisicamente, mas também na alma. É claro que este homem estava passando por algo difícil para fazer uma tal promessa e depois ficar magoado com a oferta de ajuda. Percebi que o que estava danando ele era a falta de ele abrir para outras pessoas. Muitas na vida quando passam por dificuldades acham que estão sozinhos e ninguém mais consegue entender. Eles recuam de falar com outras pessoas e guardam tudo dentro de si. Por minha experiência, isso pode ser muito perigoso.
Eu penso que a melhor maneira de enfrentar dificuldade é aceitar a ajuda dos outros. Ninguém, nem eu, sabe de tudo e o mais que a gente se abre, o mais os outros podem ajudar. Por isso faço poesia. Consigo colocar minha alma no papel. Isso não só me ajuda, mas também todas as pessoas que leem meu poesia. Por isso ofereci minha ajuda a ele, mas infelizmente não a aceitou. Espero que tudo fique bem com aquele rapaz. Talvez eu deveria escrever um abecê do homem com a cruz.

Thursday, November 14, 2013

O Jeito de Olhar...

Bonitão-
Bem, esta é uma maneira de olhar as coisas. E toda coisa tem pelo menos duas maneiras de ser olhada. Uma de lá pra cá, outra, de cá pra lá. Entendeu?

Zé-
Não...

O Pagador de Promesas, Dias Gomes, p. 35

     Essa conversa fala sobre uma das coisas mais discutidas no mundo e na literatura. A subjetividade é uma coisa que surge em toda conversa. Todas as pessoas tem uma maneira de ver diferente do que o outro. Quem decide quem está certo e quem está errada? O que faz uma coisa correta ou incorreta? Podemos julgar qualquer pessoa por suas ações? Aqui o Bonitão usa dessa ambigüidade para obter o dinheiro que quer. Muitas vezes parece que as pessoas com muita experiência usam essa desculpa para ganhar uma vantagem sobre as pessoas que parecem mais ingênuas. A questão é essa, nossa habilidade fazer algo nos dá permissão faze-lo?

      Olhando de um lado, o lado de Bonitão, por que não faríamos qualquer coisa que nos beneficie? Quem inventou um grupo de regras que estão inerentemente bom ou mal? Se formos analisar a vida de um sentido bem secular vemos que na verdade não temos responsabilidade de nos sacrificar por mais alguém. O Bonitão pensa que está certo porque ele não está fazendo nenhum dano direto a Marli. Ela consentiu. Também os dois estão recebendo o que querem, ele o dinheiro, e ela, ele! Essa é um tipo de pessoa.


     O outro lado da questão é representado por Zé de burro. Ele vê o mundo como uma compilação de peças, ele sendo uma delas. Ele sente que porque faz parte do mundo tem uma responsabilidade cuidar das outras peças ao redor dele. Ele tem um coração bondoso que acha mais felicidade vendo outros receber coisas boas do que ele. Ele se sente uma parte de algo maior.
 

     Querendo ou não, os dois fazem parte de uma ideologia. Mesmo que as ações deles são completamente diferentes, os dois funcionam dentro de um sistema já feita pela sociedade. O Bonitão aprendeu do mundo que deve pegar tudo que pode, enquanto o Zé acredita que deve ajudar. Os dois aprenderam essas cosias em relação a outras pessoas.

Thursday, November 7, 2013

Não conseguimos ver nos mesmos!



Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
- Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
que arde no eterno azul, como uma eterna vela !
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:

“Círculo Vicioso”
Machado de Assis, p. 138

 


     Por que a personificação é usada tão freqüentemente na literatura? Realmente não faz sentindo tentar observar o mundo através algo que não somos. Talvez a resposta é que as pessoas não conseguem ver sua própria vida de maneira objetiva. Temos o hábito de se justificar e só ver os erros dos outros. Quando estamos criticados, muitas vezes fugimos. Então para fazer uma crítica social ou outro tipo, autores muitas vezes usam de personificação para falar das pessoas sem parecer atacar direitamente. Dessa maneira podem fazer críticas agudas de maneira mais objetiva. Um exemplo perfeito disso vem do poema “Círculo Vicioso” do Machado de Assis. O seguinte é uma seleção de minha redação sobre o assunto.
 



A personificação usada tão freqüentemente no “Círculo Vicioso” comenta sobre a subjetividade com qual as pessoas comparam as posições sociais e valor pessoal. Um talvez pode perguntar, se o Machado de Assis está fazendo um comentário social nesse poema, porque usa de coisas não humanas como o sol e um vaga-lume? A resposta dessa pergunta fica na subjetividade com qual as pessoas percebem suas circunstâncias. Freqüentemente, as pessoas estão cegas enquanto seus próprios hábitos e falhas. Machado de Assis usa dessas personagens não humanas para deixar o poder de interpretação com o leitor. Por que o leitor está lendo sobre estrelas e luas em vez de se mesmo está livre para fazer a comparação entre a situação no poema e sua própria vida. Essa técnica pode ser muito mais efetivo do que simplesmente falando o tema de uma maneira óbvia ou ditadura.
De maneira sútil Machado de Assis usa das diferentes personagens para representar a comparação que existe entre os níveis sociais. O vaga-lume represente o pobre e comum enquanto o sol represente o rico e poderoso. Enquanto a personificação representa todas essas imagens de forma diferente, todos falam sobre o mesmo coisa, o desejo de ser algo outro do que são. O Machado de Assis está fazendo o comentário que, mesmo que todos ocupam um espaço social diferente, todos tem os mesmos objetivos e são mais similares do que eles acham. Todas as personificações têm a ver com a luz, falando que todas as pessoas têm sua próprio valor. Além das diferenças, a comparação também pode salientar essas semelhanças.